Em 10 de maio de 1933 o nazismo deu ao mundo uma demonstração de sua natureza profunda. Naquele dia a Liga dos Estudantes Alemães (uma espécie de UNE da época e com o mesmo espírito desta), promoveu a queima de dez mil livros na praça defronte à Universidade Humboldt. Juntaram-se àqueles, na prática nefanda, inúmeros professores e outros simpatizantes do regime recém implantado. Entre os exemplares incinerados estavam, por exemplo, obras de Einstein, Zweig, Freud, Thomas Mann, Kafka etc. Com seu peculiar senso de humor, Freud ainda viu algo de positivo naquela barbárie. Considerou o ato dos piromaníacos culturais um avanço, pois, se fosse na Idade Média ele é quem ia para a fogueira e, não, os seus livros. Melhor assim, consolou-se o pai da psicanálise.
Quase oitenta anos depois, precisamente em 26 de março do corrente, o totalitarismo tardio que assola o PT mostra ao país que regressões julgadas impensáveis, ou implausíveis, do ponto de vista civilizatório, são perfeitamente possíveis. Fantoches da candidata presidencial Dilma Rouseff (ativistas e dirigentes do maior sindicato de professores de São Paulo), patrocinaram outra criminosa queima de livros, como aquela tristemente célebre bücherverbrennung dos nazistas. O corpo deste artigo impede cotejar as imagens paulistas com as alemãs. Os interessados poderão, todavia, consultar a Internet e tirar suas próprias conclusões. As fotos disponíveis sobre o caso brasileiro mostram em primeiro plano uma ardente obra de Sociologia e, a alimentar as chamas, os clones de Torquemada com uma faixa na cabeça onde se lê: “estamos em greve”.
Espantoso: professores grevistas destruindo livros sob as bênçãos da CUT e do PT! Sob a regência do notório maestro Zé Dirceu e o solo de uma tal Bebel, dita professora de português.
Pois bem, anos depois das fogueiras de livros os nazistas passaram do vilipêndio dos símbolos ao dos corpos. Jogaram em fornos crematórios seis milhões de inocentes. O grande poeta Heine, aliás, já havia profetizado um século antes: “onde se queimam livros, acaba-se queimando pessoas”. Os imitadores tropicalizados do nazismo parecem querer seguir o mesmo caminho dos seus congêneres. Numa tradução mal acabada do “Minha Luta”, de Adolf Hitler, os petistas constroem o projeto de poder da candidata oficial do lulismo a partir do malfadado Plano Nacional Socialista dos Direitos Humanos, um Mein Kampf redivivo. E se há uma única coisa que se possa dizer a favor dos nazistas é: eles não enganaram ninguém! Suas falas, seus atos e seus projetos eram escancarados. Nenhuma tergiversação. O holocausto foi anunciado previamente e as promessas de sua implementação se cumpriram qual crônica de uma morte anunciada. Não faltaram advertências de pensadores como Thomas Mann. Inúteis, no entanto. O povo alemão pagou elevado preço por sua loucura, além de levar outros povos à devastação e a sofrimento indescritíveis. Que o Brasil não repita como farsa a tragédia daqueles outros tempos.
(Publicado no jornal O TEMPO, de Belo Horizonte, em 31/03/2010)
Um comentário:
Prof. Machado, que primoroso e clarividente esse seu texto! Parece não haver escapatória: todos os maus governos, em um ou outro aspecto, assemelham-se por força ao de Hitler.
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Sinto muitas saudades de suas aulas! Ainda hoje, entre colegas-amigos, nos lembramos de suas considerações embasadas, cheias de erudição e ironia.
Grande abraço!!
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