quinta-feira, 6 de agosto de 2009

FRITANDO O PMDB

O projeto político do PT é ocupar o espaço do PMDB. Caminhando cada vez mais rápido em direção aos grotões, os petistas sabem que precisam desalojar os que lá se encontram se quiserem ter um lugar ao sol. As regiões mais ricas e mais rebeldes já sinalizam o repúdio às práticas de Lula da Silva e sua quadrilha. Os recentes acontecimentos do Senado estão funcionando somente como catalisadores para um sentimento ainda difuso de insatisfação política e social. Uma nova onda de opinião pública parece estar em gestação. Para o PT é importante transferir a imagem de partido dos corruptos para o PMDB. Ou, ao menos, estabelecer alguma confusão a respeito, embaralhando a percepção popular.
Neste sentido, o foco em Sarney cabe como uma luva aos desígnios do governo. Emparedando o PMDB com promessas públicas de cargos, favores e outras benesses futuras, o PT cola na testa do velho partido de Ulisses o rótulo de chantagistas, ladrões e corruptos. A publicidade em torno das malfeitorias senatoriais serve para reforçar o visgo da imagem negativa. E o PT, em manobra suave, vai se afastando do lodaçal com cara de quem não tem nada a ver com isto. Lula da Silva lava as mãos e volta ao seu ofício favorito: viajar e falar abobrinhas. Causa espanto que cardeais experimentados, alguns com décadas de experiência, não percebam que Lula da Silva e o PT estão fritando o PMDB na própria gordura. A imprensa apenas divulga os fatos. Ela não os inventa. E todos os veículos de comunicação independentes convergem na mesma direção. Alegar, como o fez Sarney, que ele está sendo perseguido - um novo Bey de Tunis - é tampar o sol com a peneira. Ao PMDB só restaria uma saída, aquela ao estilo Roberto Jeferson: destampar o pinico e jogar a bomba no colo do dono.
A chamada fração ética do PT começa a ensaiar um caminho de fuga com a possível candidatura presidencial de Marina Silva (pelo Partido Verde). Disputando com candidatos envelhecidos (menos na idade cronológica que na idade espiritual), como o tribufu oficial, a senadora acreana poderá galvanizar aquela nova onda da opinião pública acima referida. Para o PMDB as coisas só piorarão se sair atrelado ao postulante governista (ocupando o lugar de vice-presidente na chapa), qualquer que seja o nome escolhido (pode nem ser a tal Dilma, figura grotesca incapaz de aglutinar apoios e galvanizar eleitores num processo cheio de nuances). Marina Silva se beneficiaria do imaginário cultivado pelo petismo muito mais que a dondoca que Lula da Silva quer impingir ao Brasil, e que vive se exibindo com bolsas de grife vendidas nas butiques por mais de cinco mil dólares. A senadora do Acre é preta, evangélica e, de uma certa forma, favelada. Uma espécie de Bené sem deslumbramento e sem envolvimento em velhacarias. Pode, até, nem dar certo mas que este seria, seria, um novo cenário, disto não resta a menor dúvida.

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