terça-feira, 22 de julho de 2008

O NOIVO

Mais que indicação de que o eleitor da capital ainda não se ligou à campanha para prefeito, os resultados das pesquisas disponíveis mostram que há uma fadiga de material. Um cansaço similar ao de velhos casamentos que não se renovam e se esgarçam ao longo do tempo. Belo Horizonte parece estar querendo um novo amor, uma paixão que desperte na cidade as energias congeladas pelo reinado, agora tedioso, a que se viu condenada por Pimentel e sua turma. O candidato oficial – apoiado pelo governador e pelo prefeito – patina nos 5% da preferência popular. Os artífices do decantado “projeto” (que mal esconde desmedidas ambições), e que justificou a insólita aliança entre o PT e o PSDB, tentam encontrar uma explicação que amenize o vexame público aí às vistas. É a tal situação da mocinha bem comportada e obediente que fica reticente e de má-vontade, se recusando a seguir o conselho dos pais na escolha do namorado, ou do futuro marido. Casamentos arranjados, aliás, nem sempre acabam bem. Ainda mais quando o “noivo” é sonso e não excita a imaginação. Candidato certo a um bom par de “chifres”, o pretendente com as características de “amigo” do papai e da mamãe, incapaz de seduzir por seus próprios méritos, tentará se impor pela força do dinheiro e do medo à palmatória.
Insatisfeitos e/ou desinteressados pelos nomes colocados à cidade, bocejantes eleitores mantêm-se sem maiores comprometimentos com as escolhas disponíveis. Realmente, está difícil se definir. Além do “noivo” apoiado por “papai e mamãe” há uma candidata, raivosa e ressentida com o oficialismo local e federal, desempenhando com perfeição um papel ao qual só falta a vassoura. É o nome ideal para se contrapor ao “noivo”, na perspectiva dos demiurgos inventores de prefeito. Parecem-se com os velhos MDB e ARENA: um candidato do “sim”, o outro do “sim senhor”. Outros postulantes – um demasiadamente jovem deputado federal e um ex-deputado federal sem bala na agulha para bancar as pretensões – flutuam nos seus nichos de simpatizantes sem manifestarem, por enquanto ainda, qualquer sentimento de empolgação popular. Completando o quadro disponível há, ainda, os tradicionais candidatos cacarecos (um deles chega, até, a superar o candidato oficial, segundo as pesquisas divulgadas). Os únicos que, potencialmente, poderiam ameaçar o cenário desejado pelos patrocinadores das duas candidaturas (a do sim e a do sim, senhor), são os nomes do PMDB e do PDT (aquele mais que este). Aos dois, certamente, se querem mesmo correr o risco de ganhar, deverão infundir audácia e competência nos seus atos e discursos. O eleitor é uma alma feminina: ele quer ser arrebatado. Cautelas demasiadas e pudores excessivos dos dois eventuais oposicionistas podem deixar o eleitor sem alternativa de futuro. Neste caso, melhor esquecer o “chifre” e votar no candidato do “papai e da mamãe”.

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