quarta-feira, 9 de abril de 2008

CONTRA O GOLPE DE ESTADO - Correio Popular de Campinas - 9-04-2008

“A Constituição só fixa o terreno onde a luta se desenvolve, não o seu fim. Entramos nas instituições previstas pela lei e faremos assim de nosso partido o fator decisivo. Mas quando tivermos constitucionalmente tal direito, daremos ao Estado a forma que julgamos a boa”. (Adolf Hitler citado por E. Calic: Hitler sans masque, entretiens Hitler- Breiting).

“Não achamos que Parlamento é um fim, ele é um meio. E vamos tentar utilizá-lo até onde for possível. Na medida em que a gente perceber que pela via parlamentar, pela via puramente eleitoral, você não conseguirá o poder, eu assumo a responsabilidade de dizer à classe trabalhadora que ela tem que procurar outra via” (Lula, Entrevista à Folha de São Paulo, dezembro de 1985).


A Folha de São Paulo me pergunta se as medidas provisórias devem ser mantidas ou retiradas dos ordenamentos públicos. Nos argumentos que apresento, pela abolição, vem um trecho de Hitler, que manifesta seus reais intentos no poder. Ele queria moldar o Estado alemão segundo as normas de seu partido. Quando fala em dar ao Estado a forma nazista, ele incluía o extermínio dos judeus, as invasões de outros países, as leis genocidas que infestam a sociedade germânica, mostram frutos nos neo nazistas, que de novos nada têm : reiteram fórmulas e atos dos que almejaram um Reich de mil anos. Deixei de indicar o perigo para o Brasil no artigo da Folha (“Em proveito da cidadania”, 5/4/2008, p. 3). Calei sobre as posições próximas de Hitler e do Sr. L. I. da Silva. O leitor pode conferir o todo da fala inaciana na entrevista concedida por ele à Folha em 1985. Lula e seus companheiros podem não ser de esquerda, alheios ao dito espectro ideológico. Ele disse que nada tinha a ver com os ideários de 1870 (Comuna de Paris) ou de 1917. E também chegou ao deboche ao proclamar que julga tais doutrinas como “bravatas”. Mas algo ele não esconde: o seu ódio contra a democracia representativa! O Congresso, no seu entender ainda hoje, é meio, jamais um fim. E meio para impor ao país os seus fins privados de governante. O Sr. Da Silva, desde as frases sobre os “picaretas” da Câmara e do Senado ao mensalão, nada mais fez do que reiterar o que declarou em 1985 à Folha. Muitos riem da comparação entre o L. I. da Silva e Hitler. Cautela! Está em curso a terceira eleição do presidente. Depois dela, a soma de muitos anos. Jornalistas cooptados fingem que o movimento não existe, políticos negam as pretensões inacianas. Intelectuais geram teses para desviar a atenção do assunto. Governistas planejam o estupro da Carta. Os seu “argumentos” fundamentam-se na popularidade. Mas quem mais popular do que Hitler quando incendiou o Reichstag ? Mais popular do que Mussolini ou Stalin ou dos piores ditadores antigos e modernos? Como assegurou no seu partido, com apoio de áulicos sindicalistas, a posição de única liderança nacional petista, Da Silva não tem candidato que o suceda. Patrus Ananias é nada em intenção de votos, o mesmo ocorre com outros petistas. Dilma Roussef, a “mãe do PAC”, armou o caos que hoje inviabiliza sua corrida ao Planalto. Resta o Sr. Da Silva, cuja popularidade inconteste é anabolizada pela propaganda científica, digna dos publicitários que serviram ao totalitarismo. Em desobediência à lei, Da Silva, com o PAC (eleitoreiro) sobe ao palanque, ataca adversários, ridiculariza juízes que fiscalizam a lei. Ninguém, nos poderes, se insurge contra semelhantes golpes de Estado homeopáticos. Será preciso que um dia os deputados e senadores encontrem o Congresso fechado por setores das Forças Armadas e aliados da guerrilha (alguns com notório nexo com as FARC); que o próprio STF seja abolido, para os bem pensantes e oportunistas perceberem o golpismo? Recomendo a leitura de dois clássicos da literatura política. O primeiro reúne as Considerações Políticas sobre os Golpes de Estado, de Gabriel Naudé (1640). O segundo é O Dezoito Brumário de Luís Bonaparte, de Karl Marx. Neles são descritos as técnicas e os sinais dos golpes. Boa leitura. (Professor Roberto Romano - UNICAMPO)

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