A escola fundamental tem responsabilidade
pelos desatinos e incivilidades observadas mais tarde no mundo adulto. Festas
juninas são ótima ocasião para o treinamento dos alunos em hábitos arraigados
no imaginário político brasileiro. A escolha da “rainha da pipoca” e do “rei do
amendoim” das festas juninas, por exemplo, se faz pela venda de votos, cuja receita reverterá para
o caixa escolar, de óbvio interesse social. Precoce aplicação do princípio: os
fins justificam os meios. Para que o pimpolho ou a pimpolha tenham lugar de
destaque na festa, os pais metem a mão no bolso e compram os votos necessários
à vitória. Já adulto, posteriormente, o jovem eleitor acostumado com a compra de inocentes votos, pouco hesitará em fazê-lo de novo em eventos da sociedade política.
E a idealização de
determinados personagens como Branca de Neve e os sete anões? Moça púbere, pura
e inocente (Freud daria gargalhadas), é levada por um homem adulto – um caçador
– e largada intacta no meio da floresta. Houve algum tipo de abuso ou de
assédio? Ninguém esclarece. A adolescente encontra, então, sete anões que a
adotam, e vice versa, e vai dormir na casa deles (com eles?).
Esses anões, no
entanto, eram pequenos só na altura. Cúpidos e avarentos, os velhotes em nada
se diferenciam dos adultos luxuriosos de hoje. Durante as longas, escuras e frias noites,
algum anão mudava de cama para repartir um regaço mais quente e mais amoroso? A
história, ou a maior parte de suas versões, não o diz. Só há suspeita. Um fato erótico,
entretanto, está registrado: deitada em torpor temporário, à chegada do
príncipe, que vai logo beijando o aparente cadáver, a pura e branca das neves,
se levanta imediatamente e parte para o palácio na garupa do pretendente.
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