quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015

Os petistas (ao modo de Ionescu)




Em "O rinoceronte", o teatrólogo romeno Eugéne Ionescu cria a imagem perfeita do processo de naturalização do absurdo, conforme se vê no discurso do personagem Daisy:


- "É uma questão de hábito, sabe? Já ninguém se preocupa com os bandos de rinocerontes que percorrem as ruas, a toda velocidade. Quando eles passam, as pessoas afastam-se e depois retomam o seu caminho, continuando os seus negócios, como se nada tivesse acontecido."

- "Sejamos razoáveis. É preciso encontrar um modus vivendi para nos entendermos com eles."

- "Afinal, talvez sejamos nós que precisemos ser salvos. Talvez os anormais sejamos nós."

- "Isso é que é gente. Têm um ar feliz, estão de acordo com eles mesmos. Não tem aspecto de loucos, são até bem naturais. Devem ter tido suas razões."

- "Não gosto que se fale mal deles. Fico com pena."

 - "São deuses".

Nenhum comentário: