quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Roda Viva

O excelente programa Roda Viva, da TV Cultura de São Paulo, apresentou na última segunda feira uma entrevista com o professor Modesto Carvalhosa. O ilustre jurista trouxe a debate a legislação existente no Brasil (e em outros lugares) para combater a corrupção. O caso da Petrobrás, evidentemente, esteve no centro das considerações de todos os participantes. Vale a pena assistir. O vídeo está disponível no youtube.

O professor Modesto Carvalhosa chamou a atenção para o obsequioso silêncio da OAB, da CNBB e outras entidades a respeito dos escândalos continuados que avassalam a administração pública brasileira. Mais espantoso, no entanto, é o silêncio da Academia. As universidades brasileiras - ao menos aquelas que podem assim ser denominadas, em vista da vasta picaretagem no setor - comportam-se como se nada de mais estivesse acontecendo. Elas estão preocupadas, aí sim, de forma cabal, é com disputas ideológicas subalternas. Incivilidades costumeiras como injúrias trocadas por adultos, ou mesmo, explicitação de preconceitos variados em momentos de conflito, transformam-se em causas maiores a merecer os cuidados de reitores pusilânimes e omissos, isso quando não são cúmplices de práticas que em nada diferem das estripulias da facinorosa turma da Petrobrás e outras entidades públicas.  

Equivocam-se os que pensam ser a clientela da bolsa família a maior responsável pela continuidade do regime petista. Há setores amplos das classes médias tributárias do emprego público muito mais responsáveis pela tragédia Dilma, que os frágeis e miseravelmente pobres habitantes das periferias urbanas e rurais. O espírito bolseiro também se espraia nas instituições escolares mais respeitáveis, este é um fato. É o dinheiro, estúpido, diria aquele marqueteiro americano! Quem quer dinheiro? Quem quer dinheiro... Aliás, tal indagação revela a notável compreensão da cobiça universal por parte do maior especialista brasileiro em alma humana, o animador dos domingos Silvio Santos. Todos no auditório levantam avidamente as mãos ao ouvir a crua e sarcástica pergunta, loucos para pegar no ar um aviãozinho feito com nota de R$50 e lançado ao léu.

O espantoso nas universidades é a submissão, a aceitação voluntária da canga sobre o pescoço. Não o fazem por um reles pão com mortadela e um copo de tubaína, é claro, pois tão ilustres mestres não se deixam vender por tão pouco. Afinal, não auferem seu jabá provindo do Ministério do Desenvolvimento Social. Suas bolsas, isentas de imposto de renda, são tributárias do MEC, onde inumeráveis comissões companheiras fatiam e repartem para os acoelhados o capilé que lhes dará um refresco ao final do mês.

O formidável bloco acadêmico junta-se, então, ao bloco das Suas Excelências, docilmente aquarteladas na OAB à espera de uma boquinha extraída do quinto constitucional, e às Suas Eminências Reverendíssimas, mais preocupadas com as pastorais da guerra, que em questionar as extorsões que os publicanos governistas não se cansam de praticar contra os incautos que os sustentam. Será sempre educativo relembrar para os pósteros a caravana da vergonha, composta de dezenas de magníficos reitores, em beija mão subserviente no palácio do Planalto, hipotecando baboso apoio e voto à então candidata oficial à presidência da república.

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