quinta-feira, 30 de julho de 2009

A PETROBRÁS E SUAS MUTRETAS (1)

É uma das coisas mais engraçadas da vida ler o jornal "Classe Operária", porta-voz do PC do B. Sua última edição (conforme eles mesmos: "ano 83, sétima fase, número 15, julho de 2009), diz que a "CPI da Petrobrás esconde interesses das grandes empresas multinacionais do setor do petróleo e do imperialismo dos Estados Unidos, que querem controlar as riquezas do pré-sal". Esta referência ao "ano 83" é do balacobaco, para usar uma expressão compatível com a natureza fóssil do jornaleco. Só falta, ao se referir ao calendário usual, denominá-lo com o epíteto de "Era Vulgar". A mentalidade primitiva desta gente não lhes permite ver que a Petrobrás é uma das maiores multinacionais do planeta. Pensa e age como qualquer transnacional, principalmente, as devotadas ao negócio do petróleo. O apoio do PC do B e suas organizações satélites à empresa tem fundamentos mais pecuniários que ideológicos. A Petrobrás é uma tremenda boquinha da qual não se pode abrir mão, parece dizer a companheirada fossilizada, agarrada como uma craca no gigantesco casco do empreendimento. O PC do B é um sócio menor, porém, leal dos negócios da turma liderada pelo PT. Contenta-se com as migalhas (um adjutório ali, outro acolá, um pastel ou uma tapiocazinha numa barraca de feira pagos, evidentemente, com cartão corporativo de algum ministério devidamente aparelhado por enxames de gulosos assessores, uma mordida na verba publicitária da Petrobrás para financiar convescotes estudantis etc, etc), e eis aí o resultado da devoção: uma penca de entidades e de siglas vazias ou degeneradas se prestando ao papel de bate-paus e entoadores de palavras de ordem contra os "neo-liberais" e a favor dos atuais donos do poder pois, afinal de contas, "o petróleo é nosso"! Nosso? Nosso, quem, cara-pálida?

Alguém já questionou o fato da ANP (agência que controla a produção e distribuição de combustíveis automotivos no Brasil), ser um braço efetivo da Petrobrás? Os membros desta agência (que cuida, também, dos assuntos relativos aos combustíveis de origem agrícola), são mais prepostos desta multinacional que profissionais independentes dedicados a propor e a gerir políticas de interesse do povo brasileiro. Sua mentalidade é mais de mineradores que de agricultores. Mineradores, como se sabe, pouco ou nenhum apreço têm com a questão ambiental, por exemplo. São predadores da natureza. Como, portanto, gente com este perfil vai se preocupar com as complexas questões agronômicas e sociais subjacentes à produção de álcool ou biodiesel? Há, por acaso, na farta composição da ANP alguma representação do setor agrícola? Junto aos predadores da natureza assentam-se aqueles que aram, plantam, segam e colhem enfrentando os limites eventuais e os riscos inerentes a todo plantio (chuva, sol, enchentes, secas, pragas, doenças, calendário etc.)?

O pouco ou nenhum apreço da turma da Petrobrás com a questão ambiental pode ser visto no padrão do óleo diesel que a empresa vende aos brasileiros. Boa parte da formidável poluição urbana, que afeta a todos, ricos ou pobres, se deve à conhecida e pouco divulgada má qualidade deste combustível fóssil. No mundo civilizado o teor aceitável de enxofre no diesel não ultrapassa a proporção de 50 partes por milhão. O enxofre é um dos piores venenos entre todos que são lançados na atmosfera. O fenômeno conhecido como chuva ácida tem nele um dos seus fundamentos. Pois bem, a "patriota" Petrobrás impõe aos brasileiros que moram nas grandes cidades um diesel com o teor de 500 partes por milhão (dez vezes mais de concentração de enxofre que o aceitável nos paises capitalistas civilizados, repita-se). Para os caipiras que moram nos vastos sertões do país o teor é maior ainda: 2.000 partes por milhão! Isto sem falar na fuligem negra que pode ser constatada visualmente em qualquer rua onde ônibus e caminhões circulam diuturnamente. Esta brutal contaminação da atmosfera, agravada em tempos secos pela baixa umidade do ar, deve-se ao espírito sórdido que preside as ações comerciais da Petrobrás. Afecções bronco-pulmonares e outras moléstias devidas às emissões dos canos de descargas (além da sujeira permanente aderida a roupas, móveis e assoalhos de todas as casas), compõe o quadro nefasto pelo qual a Petrobrás é responsável. E não se diga que este é um problema criado pelos adversários políticos da empresa ou pelos "lacaios" do capitalismo. Os países capitalistas sérios exigem que suas multinacionais petrolíferas forneçam combustíveis com baixíssimo teor de contaminação. Mas, no Brasil, a dona do monopólio (está entre as dez maiores empresas do mundo), nem se lixa para estas questões "burguesas". Se ela se devotasse mais aos verdadeiros interesses do povo, teria investido mais em procedimentos de purificação do diesel. Traria benefícios a toda a coletividade. Isto, porém, iria diminuir seus espantosos lucros e, em decorrência, os dinheiros que alimentam a corrupção do PC do B, do PT e de outros comensais do mesmo cocho (os fundos de pensão e os próprios empregados através de suculentos nacos na forma de PLR - Participação nos Lucros e Resultados).

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