segunda-feira, 30 de março de 2009

PÉ-DE-CABRA

Partidos políticos sempre usaram alegorias que lhes dessem uma identidade e permitissem à grande massa do povo uma identificação imediata: quem era quem. Essas práticas remetem a tempos imemoriais. Nas guerras os soldados seguiam atrás de seus pavilhões e estandartes e sua defesa era permeada de forte carga simbólica. Um exemplo famoso (retratado em recente filme) é do hasteamento da bandeira americana em Iwojima durante a segunda grande guerra. A força daquela imagem triunfante é reconhecida por todos que estudaram aquele período histórico. Há partidos atualmente que usam bichos, ou flores, ou árvores, ou instrumentos de trabalho, ou estrelas, ou armas etc. E não só no Brasil, como em outras partes do mundo. Em campanhas específicas também podem ser usados símbolos para representar o cerne da mensagem eleitoral do momento. A vassoura janista e o caçador de marajás ficaram marcados em nossa história. Os publicitários, aliás, são mestres neste assunto e costumam encontrar engenhosas soluções.

Com o mesmo desinteresse elegante que Swift imprimiu a uma célebre página sua quando, em 1729, propôs que a resolução dos problemas das crianças abandonadas em Dublin se fizesse pela via culinária, isto é, que os ricos devorassem os filhos dos pobres (gerando emprego e renda para os desvalidos), há sugestões correndo na praça visando oferecer aos postulantes situacionistas nas próximas eleições presidenciais uma formidável arma de batalha. Qual a principal delas? Trata-se de encontrar um signo que represente bem a proveitosa parceria da corrupção com o mensalão que marcou com tanta eficiência o período Lula da Silva.

Como nenhum partido gosta de abrir mão de seus símbolos tradicionais em prol de outros, há que se ter um que sintetize fielmente o cerne dos costumes. Para guardar coerência com o espírito majoritário entre os parceiros das candidaturas oficiais talvez se deva usar um pé-de-cabra para representá-las. No imaginário popular essa ferramenta se associa facilmente com amigos de cofres, principalmente os alheios. Com a forte propaganda que o petismo e aliados vêm fazendo nos últimos anos (a respeito de suas práticas em avançar sobre o patrimônio público), os eleitores ficarão bem informados sobre as pretensões dos postulantes que empunharem esta bandeira. Grafismos de linhas simples com um cofre estereotipado sendo arrombado pela turma de candidatos (todos com uma estrelinha na cabeça e um pé-de-cabra na mão), transmitirão de maneira eficiente o cerne da mensagem política à população. Com o tempo bastará a velha ferramenta (como a vassoura de Jânio e a espada de Lott), o que barateará muito a propaganda, e todos compreenderão perfeitamente o que se fará futuramente na presidência, isto é, caso eles vençam as eleições.

Um comentário:

Adriano Drummond disse...

Talvez os petistas reclamem do instrumento simbólico de sua política, sugerido no texto, e exijam algo mais eficiente e mais à moda entre assaltantes hoje: o maçarico.

Prof. Antônio Machado, ler seu blog vem sendo uma maneira de reviver algo de suas memoráveis aulas na FAE/UFMG, com as quais aprendi e ri muito.