Transporte gratuito, distribuição de marmita, camiseta e boné,
além de um "vale" que variou de 35 reais a 50 reais. Nem a
distribuição do "kit protesto" pela Central Única dos Trabalhadores
(CUT), pelo Movimento dos Trabalhadores (MST) e pelos movimentos de sem-teto
foi capaz de atrair o público que os aliados do PT esperavam no ato desta
sexta-feira na Avenida Paulista, no centro de São Paulo. A passeata foi
convocada para tentar se contrapor às manifestações contra a presidente Dilma
Rousseff, agendadas para domingo, em 200 cidades do país.
Segundo
a Polícia Militar, o auge da marcha reuniu 12 000 pessoas, número bastante
inferior aos 100 000 manifestantes que a CUT alardeava que reuniria na capital
paulista. O quórum, aliás, só cresceu porque a marcha que partiu da sede
administrativa da Petrobras seguiu em direção ao Masp, onde estavam reunidos
professores da rede estadual para deliberar sobre o início de uma greve. Como a
Apeoesp (sindicato da categoria) é ligada ao PT, muitos professores se juntaram
ao grupo. Mas a adesão não foi unânime: a presidente da Apeoesp, Izabel
Noronha, conhecida como Bebel no meio sindical, foi vaiada pelos professores ao
discursar em defesa da presidente Dilma Rousseff.
A
defesa da presidente justamente foi um dos pontos em questão: os grupos que
organizaram o ato tentaram emplacar o absurdo lema de "defesa da Petrobras
e da reforma política", quando visivelmente os integrantes da marcha foram
convocados - alguns pagos - para elogiar Dilma. Outros, sequer sabiam o que
faziam no local: há apenas três meses no Brasil, o africano Muhamed Dukurek, de
44 anos, aceitou vestir a camiseta da CUT e carregar um dos balões da central
sindical pelo dinheiro. "Disseram que eu ia receber um pagamento de 40
reais a 50 reais", afirmou ao site de VEJA. Falando poucas palavras em português,
ele disse que um ônibus foi buscá-lo em sua casa no bairro do Brás, pela manhã.
Foi liberado às 17 horas do trabalho na Paulista quando a CUT recolheu os
balões.
(Publicado na VEJA eletrônica)
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