"Que maneira infeliz
de celebrar os primeiros 100 dias de governo! Seis em cada 10 brasileiros
consideram péssima ou ruim a administração de Dilma. Quase seis em 10 acham que
ela sabia da corrupção na Petrobras e nada fez. Para quase oito em 10, a
inflação aumentará. Assim como o desemprego para sete em cada 10. Dois em cada
três são favoráveis à abertura de um processo de impeachment contra Dilma.
As manifestações de
ruas, como as de ontem, são apoiadas por sete em cada 10. E se a eleição para a
escolha do sucessor de Dilma tivesse ocorrido na semana passada, Aécio Neves
teria derrotado Lula por 33% dos votos contra 29%, segundo a mais recente
pesquisa Datafolha. Dos seus vários bunkers em Brasília, a presidente só sai
para lugares onde não corra o risco de ser vaiada. Se falar na televisão, pode
deflagrar um panelaço.
O que Dilma fez
para merecer isso? Mentiu. Apenas mentiu. Simples assim. O Brasil era um
paraíso na propaganda dela para se reeleger. Menos de dois meses depois, o
paraíso se evaporara. Dilma jurou que jamais faria certas coisas que só seriam
feitas por seus adversários. Começou a fazê-las antes do fim do seu primeiro
mandato. Com isso mentiu de novo? Não. Era a mesma mentira. Tudo era uma
mentira só.
Uma pessoa que não
ama seus semelhantes, ou que não sabe expressar seu amor por eles, não pode ser
amada. Que o diga Jane, ex-criada do Palácio da Alvorada. Um dia, Dilma não
gostou da arrumação dos seus vestidos. E numa explosão de cólera, jogou cabides
em Jane. Que, sem se intimidar, jogou cabides nela. O episódio conhecido dentro
do governo como “a guerra dos cabides” custou o emprego de Jane.
Mas ela deu sorte.
Em meio à campanha eleitoral do ano passado, Jane foi procurada pela equipe de
marketing de um dos candidatos a presidente com a promessa de que seria bem
paga caso gravasse um depoimento a respeito da guerra dos cabides. Dilma soube.
Zelosos auxiliares dela garantiram a Jane os benefícios do programa “Minha
Casa, Minha Vida”, uma soma em dinheiro e um novo emprego. Jane aceitou. Por
que não?
Lula se queixa de
Dilma porque ela não segue seus conselhos. Segue, sim. Só que às vezes demora.
Para que abdicasse da maioria dos seus poderes, por exemplo, foi decisivo o
bate-boca que teve com Lula no Palácio da Alvorada, em março último. A certa altura,
Lula disse: “Eu lhe entreguei um país que estava bem…” Dilma devolveu: “Não,
presidente. Não estava. E as medidas que estou tomando são para corrigir erros
do seu governo”.
A réplica não
demorou. “Do meu governo? Que governo? O seu já tem mais de quatro anos”,
disparou Lula. Os assessores de Dilma que aguardavam os dois para jantar e
escutaram o diálogo em voz alta, não sabem dizer se ela nesse instante
respondeu a Lula ou se preferiu calar. Um deles guardou na memória o que Lula
comentou em seguida: “Você sabe a coisa errada que eu fiz, não sabe? Foi botar
você aí”.
Foi pressionada por
Lula que Dilma entregou o comando da Economia ao ministro Joaquim Levy, da
Fazenda, que pensa muito diferente dela. Foi também pressionada por Lula que
delegou o comando da Política a Michel Temer, seu vice, a quem sempre
desprezou. Levy está sujeito a levar carões públicos de Dilma, já levou. Temer,
não. Levy pode ser trocado por outro banqueiro. Temer, não.
Lula inventou o
parlamentarismo à brasileira para tentar impedir o naufrágio de Dilma. É sua
última cartada para salvar a chance de voltar à presidência em 2018".
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