"Com um novo regime
vigorando no Brasil, o vice-parlamentarismo, Dilma Rousseff pode ficar mais à
vontade num papel que cai muito bem em alguém com sua cultura universal. A VII
Cúpula das Américas foi sua estreia oficial como chanceler brasileira — já credenciada
por notáveis desempenhos em supereventos internacionais nos quais atuara, nessa
função, mais informalmente. Do meio ambiente como ameaça ao desenvolvimento
sustentável (Conferência do Clima, em Copenhague, 2010), à pasta de dente que
volta para dentro do dentifrício (reunião do G-20, em São Petersburgo, 2013),
Dilma revolucionou consagrados conceitos geopolíticos – como a milenar
dualidade entre conteúdo e continente.
No Panamá, a nova
chanceler Dilma Rousseff teve uma agenda premium. Além da cúpula em si, ganhou
encontros privativos com dois dos 10 homens mais influentes do mundo. O
primeiro foi Mark Zuckerberg, o criador do Facebook, que juntou seu primeiro
bilhão de dólares com 21 anos de idade. Mas nem os gênios resistem à rede
não-social de Dilma. Como se vê neste vídeo, o ex-menino prodígio de Harvard
parece ir adquirindo uma expressão que vai do fascínio ao aparvalhamento, à
medida que o igualmente desnorteado intérprete tenta traduzir-lhe aquela
linguagem que até criptoanalistas da CIA julgariam impenetrável.
O fato é que,
diante do dilmês, Zuckerberg se depara com outro fenômeno em escala real e
virtual — o inventor do FB vai se dando conta da existência de seu oposto
perfeito: a menor rede social do mundo, o Dilmesbook, com uma única usuária.
O hardware também é
único. As palavras saem com enorme e inútil esforço, como se fossem trazidas –
para que, não se sabe – da mais primitiva região neuronal de um ser vivo. Mas
sempre embaladas por uma falsa expressão – na verdade, uma impressão – de quem
domina um assunto que lhe é totalmente desconhecido.
“Nós estamos aqui
para anunciar parceria entre o Facebook e o governo brasileiro no sentido de
assegurar que as tecnologias que garantem acesso à internet, aos serviços de
internet, à educação, à saúde, enfim, a todos os produtos que hoje a internet
pode tornar disponível (sic) na rede, possam ser acessadas no Brasil”.
Para isso, a
chanceler, se é que ainda tem poder para isso, deve chamar Ricardo Berzoini
para uma conversa companheira e nomear Mark Zuckerberg como o novo ministro das
Comunicações do Brasil.
Enquanto isso, Dilma quer estimular a população a brincar de médico com
o Dr. Google – só pode ser isso. Insiste que serviços de saúde estarão
disponíveis na internet, com a ajuda do Facebook:
“Desenhar um projeto comum, cujo objetivo principal é a inclusão digital, mas não a inclusão digital pela inclusão digital – é inclusão digital porque ela pode garantir acesso à educação, acesso à saúde, à cultura…”.
“Desenhar um projeto comum, cujo objetivo principal é a inclusão digital, mas não a inclusão digital pela inclusão digital – é inclusão digital porque ela pode garantir acesso à educação, acesso à saúde, à cultura…”.
Zuckerberg, com seu
extraordinário QI – não confundir com o Quem Indica do Brasil -, talvez tenha
conseguido perceber que, em dilmês, uma coisa não é uma coisa pela coisa em si,
mas por outra coisa, embora seja a mesma coisa. No caso, a inclusão digital que
garantirá o acesso à saúde pela internet.
Tenho alguns amigos
médicos no Facebook. Terei mais, depois da parceria entre Dilma e Zuckerberg?
A seguir: após novo encontro com o presidente Obama, desta vez a pasta
de dentes de Dilma não volta para dentro do dentifrício, mas fica solta no ar:
* “As pessoas não pensam igual, mas os governos também não e isso fica
claro aqui”.
*Sobre a ruptura democrática na Venezuela: “Não vai beneficiar ninguém
no continente. Se beneficiar alguém, não é alguém que mora aqui. Então, vai
beneficiar pessoas que não têm… não beneficia ninguém”
*Exclusivo: “O Brasil e os Estados Unidos têm uma parceria bilateral”.
*Dilma e sua Pátria Educadora; “Eu tenho, assim, uma imensa capacidade
de resistir a interrogatório, eu te asseguro, uma imensa… Se vocês um dia
quiserem, eu até explico como é que faz”.
(Publicado no blog do Augusto Nunes)
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