Os petistas (ao modo de Ionescu)
Em
"O rinoceronte", o teatrólogo romeno Eugéne Ionescu cria a imagem perfeita do processo de naturalização do absurdo, conforme se vê no discurso do personagem Daisy:
- "É uma questão de hábito, sabe? Já ninguém se preocupa com os bandos de
rinocerontes que percorrem as ruas, a toda velocidade. Quando eles passam, as
pessoas afastam-se e depois retomam o seu caminho, continuando os seus
negócios, como se nada tivesse acontecido."
- "Sejamos razoáveis. É preciso encontrar um modus vivendi para nos
entendermos com eles."
- "Afinal, talvez sejamos nós que precisemos ser salvos. Talvez os anormais
sejamos nós."
- "Isso é que é gente. Têm um ar feliz, estão de acordo com eles mesmos. Não
tem aspecto de loucos, são até bem naturais. Devem ter tido suas razões."
- "Não gosto que se fale mal deles. Fico com pena."
- "São deuses".
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