sábado, 21 de fevereiro de 2009

EMBRAER: O DITO E O NÃO DITO

A marolinha de Luiz Inácio vai se transformando, gradativamente, em pesada turbulência. As demissões anunciadas a cada dia que passa vão configurando um quadro de negras perspectivas para o futuro dos brasileiros. Luiz Inácio, no entanto, inimigo contumaz do trabalho produtivo, insiste em permanecer nos palanques armados em todos os grotões do Brasil afora. Vai ser inaugurada uma máquina de cortar salame em humilde creche no cafundó do Judas? Vai começar o criatório de tilápias em dois tanquezinhos num açude remoto do vasto nordeste? Outra obra virtual será anunciada, melhor dizendo, uma placa mambembe proclamando o começo de uma estrada que nunca sairá do papel, ligando o nada a lugar algum? Pois bem, em qualquer uma das hipóteses acima referidas, lá estará o rei da preguiça puxando pela mão a esquisita ministra que ele quer fazer sua sucessora aboletado, se preciso for, numa caixote qualquer à guisa de palanque.

A realidade, entretanto, é mais forte que as mistificações lulescas. Ainda recentemente a EMBRAER anunciou a demissão de grande número de pessoas. Luiz Inácio, fingindo-se indignado, torna público o seu desagrado aparente e, mais ainda, declara-se surpreso com o insólito da medida. É secundado por protestos dos altos dirigentes da CUT que denunciam o comportamento daquela empresa aeronáutica ansiosos por se verem reconhecidos como defensores dos trabalhadores. Esquecem de dizer, no entanto, que os companheiros do PT e da CUT estão entre os maiores acionistas e controladores da EMBRAER. Poderosos fundos de pensão que eles dominam (a começar pela PREVI do Banco do Brasil), garantem à companheirada a ocupação de quatro cadeiras no Conselho de Administração, duas vice-presidências e três titularidades do estratégico Conselho Fiscal da EMBRAER. Isto sem falar nas complexas participações cruzadas em Fundos de Investimentos de nomes exóticos cuja compreensão adequada sobre seu poder só está ao alcance de sábios e iluminados.

A EMBRAER é apenas um exemplo desta promiscuidade do petismo com os grandes interesses empresariais e o mundo das altas finanças. Todas as grandes empresas nacionais, aliás, principalmente as privatizadas, têm no seu controle os gulosos patrícios do PT. Essa gente poderia, ao menos, informar o “inocente” presidente Luiz Inácio sobre estas realidades e de como eles têm participado das infelizes e anti-sociais decisões. Ficaríamos, assim, livres de ouvir as lorotas presidenciais e poderíamos, então, melhor qualificar o sentido do comportamento político destes amantes do mensalão. Similar àquela “nova classe” surgida no período stalinista (conforme Djilas), a nova classe dos controladores dos fundos de pensão forjada no lulo-petismo vai se constituindo como o pilar de sustentação do bloco de poder que comanda o Brasil de hoje: esta implausível mas real aliança da mais retrógrada oligarquia nordestina com financistas e agiotas que não se cansam nunca de nos espoliar.

Não nos esqueçamos de que Luiz Inácio - ao decidir comprar um jato para suas inumeráveis viagens turísticas - não deu qualquer bola para a EMBRAER, de notória reputação mundial pela qualidade dos seus aviões. Inventaram uma desculpa qualquer, naquela época, pela preterição e despejaram milhões e milhões de reais em uma indústria aeronáutica francesa. Seria muito elucidativo se fossem cotejadas outras compras de Luiz Inácio para seu desfrute direto e indireto (motocicletas e carros importados etc.). Ficaríamos poupados de ouvir as cínicas e costumeiras enrolações do indigitado personagem com relação aos trabalhadores reais que vivem no Brasil.
(Publicado, parcialmente, no jornal O TEMPO de Belo Horizonte, em 26-02-2008.

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